O que é Propósito de Vida? Não é possível viver um propósito desconectado dos nossos valores. No entanto, podemos ter clareza dos nossos valores e, ainda assim, não identificar um sentido para a nossa vida.
Propósito de Vida é um tema presente na filosofia, na religião, na educação e na vida diária. Envolve crenças que vão desde a existência ou de um sentido para a vida, até quem define esse sentido (Deus ou a pessoa) e o que é necessário para se ter um Propósito.
O propósito ao longo da história
A discussão sobre o sentido da vida é antiga e está relacionada à razão de viver e à busca por felicidade.
Os primeiros registros que temos vem dos gregos a partir da idade da Eudaimonia, que seria uma ética da felicidade. Para Aristóteles (384-322 a.C), a Eudaimonia seria a excelência humana, que é alcançada quando conseguimos praticar atitudes virtuosas. As virtudes seriam uma medida justa entre dois vícios. Por exemplo, a coragem seria o meio-termo entre a temeridade (excesso) e a covardia (deficiência), assim como o recato, situado entre a timidez e a falta de vergonha. Vale destacar que para Aristóteles uma boa vida estaria ligada à contemplação.
Sócrates (470/469-399 a.C) traz uma contribuição ao tema da Ética. Costumava passear pelas ruas de Atenas perguntando para pessoas comuns quais seriam os seus valores. Acreditava que as ações moderadas e a justiça – especialmente praticadas pelos governantes, levariam as pessoas à felicidade.
Epicuro (341-270 a.C) dedicou-se ao tema da felicidade relacionando-a ao prazer. O prazer que levaria à felicidade seria a ausência da dor e não a busca da alegria, que poderia escravizar o homem. Isso modifica a visão hedonista (prazer ligado a maximizar a alegria) a partir da noção de racionalidade e moderação.
Percebe-se que tanto a visão trazida por Epicuro quanto pela corrente hedonista apresentam uma busca individual pelo prazer, que difere da Eudaimonia relacionada à busca por um bem comum.
Seguindo a linha do tempo, temos registros na Bíblia sobre o tema Propósito. Vou trazer apenas duas passagens que mostram uma visão de propósito como um sentido comum para todos os seres humanos, ligados a fazer o bem e amar a Deus.
Essa visão depende da crença de cada um. Não há como ter certeza do ponto de vista prático dessas proposições. É uma questão de sentir, de acreditar que faz sentido, assim como as ideias propostas pelos filósofos e pensadores.
No século XIX temos a concepção filosófica do Niilismo, que parte do princípio de que não existe um sentido para a existência humana. Nihil, em latim, significa “nada”. Nessa perspectiva, por um lado há a libertação do ser humano de qualquer obrigatoriedade moral (religião, Estado, família), trazendo a responsabilidade para si. Por outro, como não há nenhum valor que oriente, pode-se chegar a comportamentos de “vale-tudo”, que podem ser prejudiciais para o outro e para a vida em sociedade.
